quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Atender bem ao consumidor, não é favor!


Este texto foi escrito em março de 2013.

Minha esposa e eu estamos felizes da vida. Vem chegando a nossa segunda filha. E, nessa alegria, esquecemos de uma coisinha básica: a péssima qualidade dos prestadores de serviço que temos à nossa disposição. E não se trata de questão de escolha equivocada nossa, não. Posso afirmar que, infelizmente, em nosso país, a regra não é que tenhamos fornecedores de excelência, mas empreendimentos amadores de todas as ordens, travestidos de (bons) prestadores de serviço. E isso se aplica aos mais distintos ramos da economia.

Dia desses fomos ao Centro Cultural da Caixa Econômica, bem no Recife Antigo. Fomos assistir ao belo espetáculo d’Os tapetes contadores de histórias. Um maravilhoso espetáculo para crianças de todas as idades. E totalmente gratuito. Mas, um pouco antes disso, como estávamos esperando a hora marcada (tínhamos cerca de uma hora livre), saímos pelos arredores e decidimos parar num belo restaurante das imediações para tomarmos um suco e fazermos um pequeno lanche. Minha esposa, grávida, nossa pequena de menos de 3 anos e eu. Parecíamos invisíveis no restaurante (também bar), onde todos pareciam dispostos apenas a atender quem desejasse consumir bebidas quentes ou servir-se do buffet já pra lá de mexido por àquelas horas. Pela experiência vivida, asseguro que não voltaremos ao local e tampouco recomendaremos aos amigos e familiares.

Bom, mas deixemos pra lá. Acho que eles esperam fazer boa fama com os turistas estrangeiros que ansiosamente aguardam para a Copa das Confederações e do Mundo. Acho que pensam que estes vão gostar tanto do Recife que vão fixar residência por aqui e garantir o sustento deles, a continuidade dos negócios.

Não que o Recife não tenha muitos encantos. Claro que tem, mas faltam bons prestadores de serviço em todos os segmentos da economia, ah isso falta! Sem dúvida alguma.

Bom, como disse que chegará uma nova herdeira, minha esposa e eu decidimos fazer um guarda-roupa planejado para as duas pequenas. Resolvemos substituir o pequeno roupeiro para apenas uma criança, que tive o prazer de retirar na loja e eu mesmo montar em casa. Continua perfeito, desmontado e remontado, lá no quarto de serviço de nossa casa.

Acontece que o móvel planejado, esperado há 60 dias, foi entregue incompleto. E, surpresa: a avaria na peça estrutural foi detectada pelo fornecedor local, a qual foi retirada do conjunto de peças entregues em minha residência. Sabiam, de antemão, que não seria possível concluir a montagem do produto. Mas, mesmo assim, o restante das peças foi enviado ao nosso apartamento. Desmontamos o antigo e o montador da loja iniciou o serviço...

Soubemos desse trelelê todo somente ao ligar para o SAC da loja (que não funciona, pois não te dá retorno e se dá, é para comunicar a decisão deles, sem qualquer consulta prévia aos clientes, principais interessados, nós!). O quarto das bebês ficou bagunçado, nosso quarto invadido pelas coisas das crianças, gavetas por montar e o restante das peças por nossa sala. Faz uma semana! E não adianta se queixar ou informar que há uma criança a caminho, que pode chegar a qualquer hora, ainda mais com a mamãe dela tendo contratempos como este...

Solução sugerida: montariam com uma peça provisória e solicitariam da fábrica a reposição da peça faltante (no prazo da fábrica! – desta vez, com urgência: cerca de 45 dias). Aí, entregam ontem. O montador vem hoje cedo e - pasmem! – a peça não servia! Nos enviaram uma base, quando a peça necessária era uma lateral. Sequer as medidas equivaliam, pois a enviada era bem menor de que a necessária.

Bom, gostaríamos, minha esposa e eu, que, pelo menos, uma parcela dos recursos gastos pela loja com propagandas regulares na televisão fosse destinada ao treinamento de seus funcionários, em especial do SAC (que dizem ser Serviço de Assistência ao Consumidor), pelo menos para eles saberem que é o consumidor que realmente paga pelos salários de todos eles.

Triste pais este em que os fornecedores de serviços pensam que são prestadores de favor e em que o consumidor é apenas um a mais insatisfeito com pouco direito a reclamação e qualquer reparação. Vai ver estão esperando que nos saiamos às ruas para cobrar o s bem mais que 20 centavos que pagamos pelo contratado e que ainda não sabemos se e quando será entregue.

Bom, só a há coisa a afirmar: é caso de polícia!

domingo, 28 de julho de 2013

Em nome da ostentação da celebração, dane-se o sossego alheio

Moro em uma bucólica rua, quase alameda em toda a sua extensão, em um dos bairros do considerado "Recife Antigo". Um lugar super tranquilo para se morar. Nos finais de semana, ouvimos os passarinhos, por vezes cigarras e outros sons tão distantes da maioria dos moradores das grandes cidades. O prédio em que resido, habitado em sua maioria por casais jovens e idosos, fica bem defronte a uma tradicional escola católica, com sua igreja secular, poucos anos atrás elevada à categoria de basílica menor. Tamanha a imponência da edificação, celebrações de casamentos no local são disputadíssimas. Além do mais, há um enorme estacionamento à disposição dos convidados. Acontece que, de vez em quando, certos momentos do evento, como quando da entrada da noiva ou do encerramento da cerimônia, são marcados com estrondosos e quase infinitos estampidos de fogos de artifício (lá por volta das 22h ou mais). Convém destacar que, próximo de onde resido, nos dois lados, há edifícios residenciais com o mesmo perfil de moradores.

E parece que a moda de anunciar à sociedade o mais novo casal da cidade se tornou uma competição de luzes, cores e muito incômodo auditivo, sem a prévia anuência e concordância de toda a vizinhança (que pouco importa ter o sossego lesado). No meu bloco, há algumas senhoras grávidas, inclusive a minha esposa (a poucos dias de dar a luz à nossa segunda filha). No mesmo andar, temos como vizinhos de porta um casal de idosos, que já acorremos diante do ocorrido, pois o senhor (beirando os 80 anos) fora acordado aos sustos com o "bombardeio" adentrando-lhe o quarto em que dormia tranquilamente. Dia desses tivemos que ligar à secretaria de igreja para pedir a imediata suspensão do foguetório, que já havia ocorrido por duas vezes na mesma noite: durante a entrada da noiva e, pela duração da celebração, no momento do "sim". Pelo menos conseguimos, sob ameaça de chamarmos a polícia, evitar que tal se repetisse ao encerramento da cerimônia.

Dias atrás, tudo se repetiu. O nosso vizinho de andar, mais uma vez atordoado, ainda de pijamas, se dirigiu ao responsável pelo evento e pediu-lhe, encarecidamente, que não desse continuidade aos estampidos. Parece que, junto àqueles fartamente remunerados pela vaidade alheia, o pedido não surtirá efeito. Restou-nos encaminhar à Cúria Metropolitana apelo por proibição do foguetório e responsabilização da mesma por eventuais danos a toda a coletividade dos três prédios. E isso tudo diametralmente oposto ao que, por estes dias, conclama o Papa Francisco em visita ao nosso país para a JMJ.

O momento de fé passou a ser um momento de glamour e demonstração de ostentação, em todos os sentidos. Infelizmente, inclusive para o sossego de nosso sono e descanso, assim como para todos os moradores da vizinhança da referida igreja. Será que será preciso processar a Cúria para garantir o nosso direito ao repouso?

10% opcionais pelos (bons) serviços prestados

No tocante à famosa gorjeta pelos serviços prestados que, em geral, incide em 10% do consumo realizado em bares, restaurantes e similares, me vêm à mente, pelo menos, três situações bastante distintas entre si, as quais narro a seguir. Entretanto, convém esclarecer que, em hipótese alguma, o consumidor está obrigado a pagá-la, pois não se pode imputar a este a cobrança além do que foi consumido. Em outras palavras, a imposição ou obrigatoriedade do pagamento de qualquer taxa é abusiva, isto é, ilegal, nos termos da legislação brasileira (Vide o Código de Defesa do Consumidor, art. 6o, III). Ou seja, é estritamente opcional, se o consumidor espontaneamente desejar fazê-lo por entender que foi muito bem servido!

Seguem os fatos:

1) Não faz muito tempo, estivemos, minha esposa e eu, em companhia de nossa filha, almoçando em um bom restaurante de Porto de Galinhas (balneário turístico nas cercanias do Recife). A comida estava ótima, o que era de se esperar, em razão da fama do local e do ambiente requintado. Quando do pagamento, o garçom se dirigiu a mim e me solicitou, se concordasse em fazê-lo, que a gorjeta (os famosos 10%) fosse-lhe paga diretamente em espécie, pois era hábito do proprietário recolhê-la e não repassar aos trabalhadores pelos serviços prestados;

2) Outro dia, 6a feira à tarde, já avançando para o fim de tarde, marcamos, minha esposa e eu, de almoçar em um restaurante da zona norte da cidade que, por servir comida chinesa à la carte e ser sempre bem frequentado, certamente ainda estaria aberto para almoço naquele horário. Chegamos, entramos e escolhemos uma mesa ao fundo, pois havia poucos clientes no ambiente. Minha esposa sentou-se e, no momento em que o garçom ia dirigir-lhe cardápio - ao que ela lhe estendeu a mão para recebê-lo -, eis que chega um grupo de umas oito pessoas, pelo que o moço recolheu o cardápio ainda não completamente recebido, para mandar um outro atendente buscar um outro cardápio para nos servir. O que posso dizer é que, de imediato, nos retiramos do local para nunca mais voltarmos ali;

3) Dia desses, estávamos, minha esposa, eu e nossa filha, em um restaurante que serve bons pratos à base de frutos do mar. Chegamos cedo, como de costume, pois como a nossa criança é pequena, não queremos contratempos ou atrasos para a refeição. Fizemos o pedido. A entrega foi demorando, demorando... Outras famílias, que chegaram depois de nós, foram servidas primeiro. Ouvi o pedido de um cliente ao garçom solicitando-lhe um jeitinho para a família dele ser atendida "preferencialmente". E isto aconteceu. Ele, "gentilmente", alterou a ordem dos pedidos e o nosso foi ficando por final da fila. Chamei-o e pedi explicações em face da demora. Ainda demorou um pouco, mas o pedido sai. Ou melhor, veio arremessado à mesa. Sem sequer olhar para a mesa, o garçom soltou o prato sobre a nossa mesa, não nos serviu e partiu para atender outras mesas. E, no ato da cobrança, não me perguntou se aceitava os 10% e foi logo tascando a taxa no total da comanda quando fui digitar a senha do cartão na maquineta. Cancelei a operação e disse-lhe que iria pagar apenas o consumido, sem gorjetas. Aí o cara partiu para a discussão, argumentando que era necessário pagá-la, pois era devida, me xingou de muquirana etc. O maitre da casa observou tudo, à distância, e nada fez em relação ao que ocorria. Me enchi, não ia entrar em maior conflito com o indivíduo. Paguei em espécie, deixando sobrar poucos centavos ou reais a mais e, apesar de adorar frutos do mar, faz um bom tempo que não voltamos por lá. Em tempo: neste mesmo local havia um excelente garçom que nos atendia com muita cortesia e atenção, o que, á época, nos cativou e nos fazia retornar ao local, tanto quanto o sabor da refeição servida.

O condomínio é laico!

Cerca de dois anos passados, me surpreendi ao adentrar o edifício em que resido por me deparar com um presépio natalino instalado no jardim da entrada do prédio. Me dirigi ao então síndico e questionei acerca do gasto não autorizado nas reuniões ordinárias do prédio e que, além disso, havia moradores acatólicos no condomínio. Ele me respondeu que se tivesse que pedir autorização para as mínimas despesas do edifício não teria como administrá-lo e, pior, que a grande maioria dos moradores era católica. Não deu outra: na reunião seguinte, a grande maioria aprovou a decisão dele, que alegava a beleza das luzes e do simbolismo da época do ano. Poucos dias depois, soube que uma família de origem judaica se mudara do prédio...

Sendo cristão, não poderia me furtar a defender o direito alheio, independente do credo professado por cada uma das partes. Afinal, o condomínio é laico, assim como o Estado e o recurso empregado, oriundo do pagamento ordinário da taxa condominial... que tantos parecem esquecer que existe.